2020: Coletânea Apparere, editora Perse
“Gostar
de estar vivo dói.” (Felicidade Clandestina).
Ucraniana forçada a deixar seu País natal em 1922, em
decorrência da Guerra Civil Russa e da perseguição aos judeus na Europa, tornou-se
uma das maiores autoras de obras intimistas que versam sobre o cotidiano
corriqueiro, em suma, do ponto de vista feminino. A epifania faz-se presente, quando
a escritora compreende a essência de algo. Na Literatura é uma forma de mostrar
um conceito. Mas para o autor, é produzir um texto que transmita um entendimento
completo das suas ideias para o leitor. E, para Clarice, seria como uma espécie
de revelação bem característica de suas obras que tinham um cunho psicológico
forte, através da descrição dos personagens e os conflitos internos vividos
pelos mesmos.
[...]
Segue o texto abaixo.
Felicidade
Clandestina (1971)
Ela
era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio
arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas.
Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com
balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de
ter: um pai dono de livraria.
Pouco
aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um
livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai.
Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como
"data natalícia" e "saudade".
[...]
Para acessar o texto na íntegra adquira seu exemplar no link: Coletânea Centenário Clarice Lispector
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